O ILUSTRE PEITO LUSITANO de Maria João Lehning (2017)




a)      Pesquisar sobre o autor e a sua obra com vista a uma apresentação de ambos
Maria João Lehning nasceu em Lisboa (data desconhecida). Depois de uma Licenciatura em economia, a escritora foi morar para Paris com 35 anos. Publicou três livros até à data que se inspiram em Portugal, na imigração e na língua portuguesas: Travessa da Memória (1998) , D’Acordo (2003) e seu último romance, O Ilustre Peito Lusitano (2017). Além da escrita, colaborou durante vários anos com a revista Máxima.


Em O Ilustre Peito Lusitano, Sãozinha Vilarreal vem passar férias a França ficando alojada no prédio parisiense onde mora seu primo Emílio, bem como outros imigrantes (russo, cabo-verdiano, japonês, árabe). Ambos oriundos de Cascais, de uma família burguesa e com estudos superiores, desejam libertar-se dum mundo cheio de códigos que os sufoca. Estamos longe da emigração dos anos sessenta do século XX, mesmo se a porteira do prédio onde reside o primo Emílio parece diretamente saída dessa outra vaga emigratória. O primo de Sãozinha quebra o pé nas escadas do prédio e não tem a possibilidade de regressar a Portugal para a tradicional ceia de Natal familiar. Sãozinha decide então ficar com ele para lhe fazer companhia durante a quadra natalícia. Vai reconciliar-se com a vida e reencontrar-se.
 
b)     Justificação do título
O livro tem como título “O Ilustre Peito Lusitano” e faz intertextualidade com um verso de Os Lusíadas, quando ouvimos Camões cantar o ilustre peito lusitano. Podemos ver este título como um orgulho de ser português num outro país, talvez o orgulho de se ser representante de um “ilustre” país, e de se sentir ainda mais próximo de Portugal do que os próprios portugueses que nele vivem. No “peito” está o coração onde residem os sentimentos, o orgulho de se ser “lusitano” apesar da distância física de Portugal.  Este livro relata a vida de imigrantes portugueses em França, e mostra como o facto de viverem longe do país de origem os aproxima profundamente dele (há como que uma fusão): esta distância permite apreciar e valorizar elementos culturais que podem parecer simples e evidentes quando se vive no país, mas que fazem falta quando estamos longe. Este livro mostra-nos que não é necessariamente porque uma pessoa é emigrante que ela se afasta da pátria e dos seus valores, muito pelo contrário ela pode contribuir para a expansão destes no estrangeiro veiculando a cultura do seu país de origem e enriquecer a sua cultura pessoal com o contacto com estrangeiros. 
c)      Identificação da mensagem que o autor pretende veicular
A autora mostra-nos o que é a vida de imigrantes portugueses em França, baseando-se nos clichês que circulam sobre os imigrantes portugueses (tanto entre os estrangeiros como entre os próprios portugueses!), tais como a empregada de limpeza que é portuguesa, os portugueses que assistem ao jogo de futebol e bebem cervejas, etc…  Este livro também mostra a vida dos imigrantes portugueses em França de ontem e de hoje: seus sonhos de regresso (ou já não) e as consequências do afastamento da pátria. Mesmo se muitos estereótipos são veiculados sobre os portugueses, a obra também mostra a pressão social que os imigrantes se impõem a si mesmos, um aspecto pouco referido: por exemplo, o facto de Emílio ainda não se sentir completamente à vontade no seu emprego de médico por não ser frequente em França os imigrantes portugueses ocuparem empregos exigindo muitas qualificações intelectuais. 
 
d)     Identificação das características da emigração portuguesa
    Linguagem oral: um português mal falado e repleto de palavras em francês ou de neologismos - ‘’Os franceses vestem-se bem, são ‘’estilados’’ mas ‘’froides’’. Nunca ‘’fazem confiança’’ a ninguém. Eu estou em França há 25 anos e só tenho um copain francês que conheci na ‘’entrepreza’’ de bâtiment.’’  (p. 60). Também aparecem, muitas vezes, falas ordinárias das personagens portuguesas, que correspondem à imagem atribuída a muitos portugueses - ‘’é o mec de Clichy, caralho. Aniceto, temos de nos pirar!’’ (p. 61) ou ainda ‘’O pá, não faça essa ‘’conneria’’! Ainda fode a ‘’chevilha’’, caralho!’’ (p. 29)

   Vários membros da comunidade portuguesa reunem-se e passam tempo juntos frequentemente (por vezes em família). Este elemento junta-se à imagem do português que não se integrou muito na sociedade francesa, convivendo com os outros imigrantes portugueses e estrangeiros. Também notamos através do primo de Sãozinha que, apesar de ter uma profissão de médico, sempre se sentiu estigmatizado por causa das suas origens.



      Nostalgia do país e da sua cultura. 

    Personagens que correspondem ao estereótipo que os estrangeiros têm dos imigrantes portugueses (ou não!!).

     Amor pela pátria, sua cultura, gastronomia...

     Regresso a Portugal, por vezes seguido por um novo regresso a França. 

     Protagonista tipicamente portuguesa, pelo físico e pela família (muito religiosa e presente na sua vida, que sempre tenta ser correta em relação à imagem que esperam dela).

e)      Identificação da atualidade da mensagem


·        A ação decorre no primeiro quartel do século XXI. O livro trata de uma fase pós-migratória e mostra a maneira como os imigrantes portugueses se adaptaram e como vivem em França, a saudade da pátria, o desejo de regresso (para alguns).

·         Visão contemporânea de como os portugueses vivendo em França são vistos (porteira portuguesa e boa cozinheira que faz muito bacalhau, estereótipo do ‘’maçon’’ e da hostilidade entre portugueses e árabes, português mal falado com muitas palavras ditas com interferências do francês…)

·          Mostra as consequências atuais do um afastamento prolongado da pátria: as saudades de elementos que faziam antes parte do quotidiano, as tradições familiares tais como as festas de Natal que tentam ser cumpridas todos os anos, a aculturação ao país de adoção (por exemplo a modificação da linguagem com o uso de palavras portuguesas misturadas com uma forte influência francesa), a expansão da cultura portuguesa pois os imigrantes também participam na expansão desta (visível na ceia de Natal entre habitantes do prédio, por exemplo, em que todos são de nacionalidades diferentes e dão a descobrir ou pouco da sua cultura aos outros convidados)...
 

f)       Esquematização das ideias da obra (contando a história, destacando as ideias principais)



g)      Escolher uma imagem caracterizadora da obra, da sua mensagem, da emigração
http://s1.lprs1.fr/images/2016/07/06/5946525_tour-eiffel.JPG, 23:05, 27-5-2019.

h)     Elaborar 2 questões sobre a obra baseadas no conteúdo do cartaz

                1- Encontram-se apenas imigrantes portugueses no prédio onde vive Emílio?
                2- No final da obra, Sãozinha acaba por ficar a viver em Portugal?

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